As Consequências Econômicas da Greve dos Caminhoneiros para o Brasil

Admin31/05/18 (atualização 5 anos, 9 meses atrás)greve, caminhoneiros, brasil, paralisação

As Consequências Econômicas da Greve dos Caminhoneiros para o Brasil
As Consequências Econômicas da Greve dos Caminhoneiros para o Brasil

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O movimento dos caminhoneiros começa a perder força após dez dias de paralisação. Manifestantes se dispersam, e lentamente, o combustível começa a chegar aos postos de todo o país. Entretanto, os números relativos aos impactos da paralisação começam a surgir e atestam a gravidade de suas consequências econômicas. 

De acordo com os cálculos do jornal Folha de S.Paulo, nesta segunda-feira,  28 de maio, a Bolsa Brasileira emendou a quarta baixa, afundou mais de 4% e perdeu os ganhos que acumulava no ano. O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa, despencou 4,48%. O mesmo índice registrava alta de 8,74% até dia 18 de maio, antes do inicio da paralisação. As ações da Petrobras também caíram pelo oitavo pregão seguido. Os papéis preferenciais recuaram 14,6% (R$ 16,91) enquanto os ordinários tiveram baixa de 14,07% (R$ 19,79). Desde que a paralisação começou, a Petrobras perdeu R$ 120 bilhões em valor de mercado e deixou de ser a empresa mais valiosa da Bolsa. Foi superada pela Ambev, Vale e Itaú Unibanco. 

A crise dos combustíveis contaminou quase todo o mercado acionário brasileiro. Ela evidenciou as fragilidades do governo, e vários economistas já apontaram os seus impactos nas contas públicas. O custo fiscal do governo para atender aos pedidos dos caminhoneiros, chega a R$ 13,5 bilhões, que serão compensados por cortes de gastos públicos e aumento de outros impostos. A pesquisa Focus do Banco Central mostrou que em uma semana de paralisação o mercado reduziu a projeção de crescimento da economia brasileira.  A média estimada para o PIB para este ano caiu de 2,5% para 2,37%. Das 67 ações que compõem o Ibovespa, 65 caíram e apenas duas subiram. As siderúrgicas também foram atingidas em cheio pela conjuntura nacional. A CSN caiu 10,4%, a Gerdau recuou 6,25%, sua holding controladora, a Metalúrgica Gerdau, perdeu 7,51%, e a Usiminas recuou 7,33%. A Vale, como tem receita atrelada ao dólar, foi a que perdeu menos e caiu apenas 0,8%. Estima-se que as siderúrgicas podem perder até 20% do faturamento de maio, o que corresponde à 7% do arrecadamento do trimestre. 

As concessionárias também sofrem às consequências. A redução do fluxo de caminhões nas estradas e a medida anunciada pelo governo que estende para todas as rodovias a isenção da cobrança de pedágio pelo eixo suspenso e vazio dos caminhões faz cair o faturamento. A Ecorodovias teve 6,17% de queda e a CCR perdeu 4,53%. 

O cenário político frágil e a fuga de investidores estrangeiros pressionam as ações dos bancos. Os papéis do Itaú Unibanco recuaram 4,23%. As ações preferenciais e ordinárias do Bradesco caíram respectivamente 4,23% e 3,44%. O Banco do Brasil despencou 7,34% e as units, conjunto de ações do Santander Brasil, perdem 3,66%.

Confirmando o pronunciamento do governo, a Petrobras anunciou oficialmente nesta segunda-feira, dia 28, que manterá por 60 dias uma redução no preço do diesel, e que após esse prazo, os reajustes passarão a ser mensais.

 

A companhia ainda afirmou que a sua política de preços, atrelada ao mercado internacional, continuará a mesma, e que a redução no valor do diesel será ressarcida pela União, não causando prejuízo aos cofres da empresa. Tal política de preços fez a FUP (Federação Única dos Petroleiros) convocar uma paralisação de 72 horas à partir de quarta-feira, dia 30, contestando uma política que protege os acionistas da petroleira em detrimento ao caixa nacional. Temos material o suficiente para pensarmos que a soma da paralisação dos caminhoneiros com a greve dos petroleiros, ambos apoiados pela população, põem em cheque os limites do livre mercado aplicado à Petrobras.

Última atualização em 13/06/18